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sexta-feira, 23 de abril de 2010

# narizinho cheio de personalidade


Há demasiadas relações ocas entre as pessoas. Porque é que são tão falsas? Porque é que se pintam de amor, quando não o têm?
Tentam ostentar riquezas e mais riquezas, tornam-se fúteis. Será que alguma vez sentiram um verdadeiro abraço? Um verdadeiro sorriso? Uma verdadeira amizade?
É assim tão díficil compreenderem que não se pode dar o que não se tem?! Mas não, apontam o dedo, críticam e magoam de uma forma que me trespassa mais que o coração.
Quantas vezes quis chorar e sorri pelas pessoas que estavam comigo, que merecem? Quantas vezes tinha tanto para dizer e calei? Queria ser capaz de mostrar o que tenho em mim, que também sou feita de sentimentos, tenho alma e um coração. Mas, cada vez que dou um passo nessa direcção há um acontecimento que me faz desacreditar na veracidade das pessoas que me rodeiam.
Sinto-me vazia … vazia não é a melhor expressão, porque tenho muito em mim... mas são tantos os sentimentos, confusos... são resquícios de feridas. Demorei tanto tempo a construir-me, a aprender-me que dói cada segundo em que desacredito.
Pois é, por trás de todos os sorrisos, de toda a confiança, de toda a luta, da minha história de vida... há uma menina que também chora.
Faz exactamente hoje, 5 anos que vi o meu pai como nunca pensei. Naquele quarto branco de hospital, deitado naquela cama, com tantos fios à sua volta, com tanta dor no seu olhar. Apesar de parecer que não ouvia lembro-me de chegar à sua beira, dar-lhe um beijinho e dizer-lhe “estou aqui pai, adoro-te”, pareceu tão indiferente, tão distante... talvez as dores se tivessem a apoderar dele, talvez ele sentira que se aproximava a sua partida, talvez fosse ele a xegar ao limite….
mas quando fui despedir-me eis que me agarrou a mão, afinal ele sabia quem eu era e percebeu o que lhe disse.

nesse dia aprendi, ainda que à força, a aguentar a dor….não podia deixar a minha mãe perceber o quanto eu sangrava... os meus irmãos por mais que tentassem perceber eram incapazes de imaginar a dor que era... era o meu PAI.
ali estava eu, aos 17 anos a aprender a lidar com a pior dor que o ser humano se pode deparar
não imaginaria que pouco tempo após iria ter que me aguentar perante a ausência do meu pai…..poucos dias depois ele partiu e nunca mais voltou. Ia com um sorriso nos lábios…
estaria feliz no seu último segundo? o que terá pensado?

tantas perguntas…..tanta dor que expresso todos os anos à noite no meu quarto, é impossível esquecer este dia….
toda a gente me faz questão de o relembrar, e abrir a ferida

Queria tanto voltar a tê-lo à minha frente, pedir-lhe um abraço e que me fizesse festinhas no cabelo, que me chama-se piolho e que se irrita-se comigo quando lhe chamava papa, porque ele era “pai ou paizinho”... que me fizesse cocegas, e resmuga-se comigo quando eu dizia que o benfica dele tava morto…
tenho saudades do cheiro dele….
o sorriso….

um dia sei que serei motivo de orgulho….assim como tenho orgulho de ser filha dele.

dad *

(texto escrito a 17 de Junho de 2009)
Hoje faz sentido revela-lo
porque hoje, só precisava que me abraçasse
para saber que por muito mais que me tenham magoado
tudo ficará bem.

6 comentários:

Cisne disse...

Muito bonito. :)


Cisne.

Anónimo disse...

tive de me controlar MUITO para n chorar. eu acho qe ele partiu feliz pk sabe qe tu o adoras (:

x disse...

Lindo :)

Anónimo disse...

Obrigado a todas :)

AFEP disse...

sem palavras...

Expremis te bem, pois quando chegam as lagrimas aos olhos sem conhecer os protagonistas nem a história em si é porque está EXCELENTE...

Muitos PARABENS

Nunca desistas e acredita no que queres

Abreijos

Anónimo disse...

É difícil para alguém como eu admitir que um texto fez chorar, mas seria uma falta de respeito para com tamanha arte não o fazer.

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