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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Marioneta



Eu não preciso de ti. Não é por ti que vivo, que como, que respiro, que aprendo, que interajo socialmente. Então porquê que sinto que não consigo viver sem ti? Ao início coloquei-me no lugar de uma vítima. Vítima das tuas mãos, vítima do destino, vitimas das brincadeiras mórbidas dos deuses. Eu não escolhi ser a outra pois inicialmente nem sequer sabia que havia mais alguém. Fizeste malabarismos tamanhos com o meu mundo e com isso ganhei força, confiança, crença na felicidade. Mas a realidade é que já não sou a vitima. Não a partir do momento em que me bateste na porta e eu te caí nos braços e nas promessas de que seria uma situação temporária. Eu optei por esperar. Eu optei por beijar os lábios que ela beija, tocar no corpo que ela toca, invadir os sonhos que são dela... Resultado disto? Meto-me nojo! Cada vez que estás comigo iludo-me que nem menina com uma casa de brincar. És meu e só meu. Faço jantares românticos, vemos filmes agarradinhos, finjo que não vejo a tua constante preocupação a olhar disfarçadamente para o telemóvel, fazemos amor. Afinal, é o meu nome que chamas quando te colas em mim. E como sabe bem ouvir o meu nome a ser silvado na tua lingua. Mas quando sais, deixas de ser meu. Não te posso ligar pois provavelmente estarás com ela. “Eu digo-te algo quando puder”. Estas palavras sabem a soco no estômago... Só me apetece ir para debaixo do chuveiro e esfregar-me até à podridão da alma. ..
Eu sou boa pessoa sabem? Sou boa filha, boa irmã, boa amiga, participo activamente em campanhas de solidariedade, faço doações, reciclo, planto árvores, até a minha cadela veio de um canil... Como é que mantenho esta situação? Como é que o amor tem tanto poder ao ponto de me deixar estúpida? Chego a ter pena de ti tantas vezes. Fazes-te de coitadinho. Que ela te faz isto ou aquilo. Atingi o ponto de ser tua amante e tua confidente... E esta bola de neve que não se desfaz está a matar-me sabes? Não fisicamente. Porque não é por ti que eu vivo, não é por ti que eu como, não é por ti que respiro. Está a matar-me ao ponto de eu já não reconhecer o meu coração. Este está a desligar-se de mim e a agir de forma quase autónoma. Não passo de uma marioneta com fios de coração movidos e moldados pelas tuas mãos....
" E que a minha loucura seja perdoada, pois metade de mim é amor, e a outra metade também".

Maria F.

6 comentários:

Anónimo disse...

eu acho que não aguentaria uma situação como esta.. mas trata-se daquele género de coisas que só passando por elas e que se sabe

Filosofia de Vida disse...

Uow! Adorei! Realmente estas palavras conseguem chegar a pontos da nossa alma que nós nem sequer sabiamos que existiam!

Tenho muita pena pelo que te está a acontecer. Mas, que sei eu disso? Nem imagino! Só tu sabes. Contudo, nenhumas palavras de conforto estão à altura das palavras que escreveste.

As melhoras! (?)

Unknown disse...

nunca faça de outra pessoa sua vida! Aprendi na marra!
lindo texto.

Anónimo disse...

Escreves tão bem e como eu te entendo =S

Gostei desde o principio ate ao final do texto, tens uma escrita forte.

Mas por favor, não sintas nojo de ti propria, o amor é assim, faz nos sentir como te sentes, faz nos fazer coisas que nunca imaginariamos fazer =X

força!

beijoka*

Cisne disse...

Sem palavras. Tiraste-mas da mão.


Sara Aluar.

Sofia disse...

Já estive aí sabes? Já escolhi ser a outra. Eu, que sou boa pessoa, que não como animais, que faço voluntariado, que doo para campanhas de solidariedade, já invadi assim os sonhos de outra pessoa, com quem ela julgava ser só dela. Mas a verdade é que nunca me senti horrível por isso... Não foi uma coisa boa, mas só aconteceu pq ele tb o quis e se assim foi é pq a relação deles não estava bem... O maior erro foi dele, ele é que lhe devia fidelidade. Eu só a devia ao meu coração, e esse chamava por ele... o amor faz-nos ser tontinhas sim... mas não te martirizes, vai chegar o dia em que não consegues mais e o afastamento é natural... todos merecemos ser prioridade de quem amamos ;) beijinho

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