Imagem retirada da Internet
Há horas que estou sentada no parapeito da janela. Já fumei meio maço e mal me consigo mexer. Tenho os musculos paralisados, acobardados como eu... O dia foi longo, cheio de sangue, agulhas e éter à mistura. A boa noticia é que o cheiro já não me agonia. Já não me faz confusão a estupidez adolescente que faz ter relações com o tampão inserido, só porque tem vergonha de dizer ao namorado (ou lá o que lhe chamam agora) que está menstruada, ou o toxicodependente que aterra na cama do corredor depois de entrar pelos corredores completamente ressacado aameaçar-me implorar-me por metadona. Gosto do que faço, apesar das enfermeiras serem o saco de boxe dos utentes, dos médicos e afins. É connosco que berram, é a nós que insultam, é no nosso ombro que choram enquanto desabafam as misérias das vidinhas. A unica coisa que me mete confusão neste momento, que me agonia, que me revolve as entranhas é não tirar os olhos telemóvel à espera que dê sinal de vida. Meu grande anormal , estúpido de merda, que me fisgaste de tal forma que não consigo largar-te. Tou viciada em em ti que nem aquele drogado na metadona. E fazes-me igualmente mal. A esta hora já não devias estar com ela. Já devias estar a mandar-me uma sms a dizer que morreste de saudades e que está cada vez mais próximo o dia em que a vais deixar. Anda, engana-me outra vez que eu gosto. Eu e o meu masoquismo sádico precisamos disso. Preciso que me digas que já não a suportas, que eu é que te encho as medidas, que é o meu cheiro que carregas na pele. Mente-me. E acima de tudo, faz-me acreditar...
Há horas que estou sentada no parapeito da janela. Já fumei meio maço e mal me consigo mexer. Tenho os musculos paralisados, acobardados como eu... O dia foi longo, cheio de sangue, agulhas e éter à mistura. A boa noticia é que o cheiro já não me agonia. Já não me faz confusão a estupidez adolescente que faz ter relações com o tampão inserido, só porque tem vergonha de dizer ao namorado (ou lá o que lhe chamam agora) que está menstruada, ou o toxicodependente que aterra na cama do corredor depois de entrar pelos corredores completamente ressacado a
Amanha a minha mãe vem visitar-me. Desejem-me sorte e paciencia para “estás tão magrinha”, “Não sei como consegues morar nesta selvageria” ou “o teu irmão já marcou o casamento. Põe-lhe os olhinhos!” -_- ...
Maria F.
Maria F.
5 comentários:
Engano bem saudável esse :) * beijinho [ texto excelente ! ]
Vida de enfermeira é dura! :S
Não é que seja enfermeiro, mas sei como é. Ou pelo menos imagino.
Força nisso.
P.S - a tua escola é parecida com a minha? lool :D
Gostei do texto.
Está intenso!
beijinho*
Erika
Gostei da imagem do amor como uma toxicodependência.
Porque no fundo, ele é isso mesmo...
Muito bom. ;)
Um dos meus textos favoritos.
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